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Este é o 30º artigo de 46 posts da série Entre Homens e Lobos.

Quando Dareon se oferecera para partir em busca da foice de Eluna, Darius relutara fortemente e dissera que já havia worgens demais envolvidos na história, que era perigoso e que ele poderia se machucar. É claro que dissera, Dareon pensou. É esse o dever dele, cuidar do seu povo. Dareon finalizou a discussão com uma girada de olhos e uma rosnada tão impaciente que Lorde Crowley parou de conjecturar hipóteses de derrota e correu até um dos elfos-noturnos.

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Voltou cinco segundos depois com um pequeno objeto em forma de chifre na mão e o entregou a Dareon, ainda meio a contragosto. Por fim, falou:

– Só vou deixar porque eu confio em você – depois de alguns instantes, acrescentou: – E porque você não vai sossegar se eu disser que não e vai correr até lá do mesmo jeito, então…

Mas o tempo estava se esgotando e Dareon não queria conversar sobre as particularidades de seu temperamento.

– E para que é que eu vou querer isso aqui? – perguntou, esticando o objeto que ganhara na direção de Crowley.

– Ah – Lorde Darius lembrou-se –, certo. É uma corneta de Tal’doren. Alguns dos batedores carregam uma dessas para todo lado. Elas fazem o som que consideramos um sinal de alerta. Se você encontrar as patrulheiras sombrias sozinho, não ataque! Provavelmente elas estarão em grupo e a ajuda vem, literalmente, voando. Aquelas banshees medonhas, só não…

– Quando as encontrar, sopro a corneta – Dareon quis pular a parte da conversa fiada e resumir.

Lorde Crowley assentiu.

– E espere por Tobias e seus rastreadores – ordenou. – Eles irão em sua direção o mais rápido que puderem assim que ouvirem o chamado.

Dareon guardou a corneta e acenou um adeus de longe. Antes de dar as costas a Tal’doren, ouviu um último incentivo contido murmurado por Lorde Crowley para a elfa-noturna:

– Está vendo, Vassandra? É nosso e ninguém tasca!

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Meio sorrindo, Dareon rodopiou a corneta no ar uma vez e a guardou no bolso novamente. Momentos mais tarde, desejou profundamente ter guardado esse instante de paz com mais carinho, porque a parte fácil da missão havia acabado ali.

Lá estava ele, encolhido, quieto como uma estátua, escondido dentro de uma fenda úmida na árvore em frente à cabana de Findamata para evitar um confronto com as patrulheiras sombrias. Pensou que haveria algumas por ali, com certeza, o suficiente para defender a foice – mas em nenhum momento imaginou que eram tantas. Sylvana caprichou, pensou enquanto tentava enumerá-las e perdia a conta pela quarta vez.

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Isso sem contar as banshees, que rondavam a cabana como um bando de cães raivosos, murmurando suas pragas e deixando rastros do cheiro de desgraça que exalavam. Suas caudas brancas e nevoentas faziam com que o ar virasse um mormaço, tão denso e estranho que era quase palpável. E fazia frio. Muito frio.

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Dareon encarava a cabana enquanto girava nas mãos a corneta que havia recebido de Lorde Crowley, tentando decidir se o momento certo para soprá-la era aquele. E como seria depois que o barulho soasse, tão alto quanto um grito de “ei, estou aqui”?

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Talvez Darius não tenha considerado que eu precisarei lidar com toda essa gente morta sozinho até que Tobias chegue, pensou, mas logo se sentiu culpado por colocar a culpa em Lorde Crowley. Quem insistira em entrar na missão fora ele, e era ele quem deveria ter considerado as hipóteses antes de se meter naquele beco sem saída.

Chegar mais perto para tentar avaliar melhor a situação era uma opção inexistente, assim como dar meia-volta e ir até a floresta fechada para soprar a corneta. As banshees, que antes rondavam apenas a cabana, limitando-se a sobrevoá-la esporadicamente, agora estavam espalhadas por todas as partes. Talvez tivessem percebido a presença de uma ameaça ou sentido o cheiro marcante de worgen por perto, porque haviam se espalhado à sua volta de uma forma que não lhe davam qualquer chance de fugir. Na realidade, quase chegavam à estrada – que, apesar de meio escondida, ainda era uma estrada – e não deixavam qualquer ponto às cegas.

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Dareon inspirou lentamente, tentando manter a calma que ainda lhe restava, mas foi em vão – suas orelhas continuavam em pé, seu pelo, absolutamente arrepiado. Não há saída daqui, decidiu de uma vez por todas. Teria de esperar quanto tempo até que as banshees se cansassem de rondá-lo sem saber e fossem embora? Ou, pior, e se elas o descobrissem? Dentro da cabana, as patrulheiras sombrias de Sylvana começavam a se alvoroçar, talvez percebendo a movimentação anormal das banshees do lado de fora.

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De qualquer forma, pensou Dareon, vou acabar me dando mal. Não podia se dar ao luxo de perder muito tempo – seu povo o necessitva. E se morrer… morrerei lutando. Com esse pensamento, encaixou a ponta fina da corneta na boca e soprou.

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