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Um assunto que tem causado bastante repercussão desde a vinda do WoW para o Brasil foi a quantidade de crianças e pré-adolescentes que começaram a jogar. Num jogo em que a média de idade dos jogadores é de 20 anos pra cima, isso pode ser bastante assustador no princípio. É normal que pelo menos na guilda ou num grupo qualquer nós saibamos da existência de um ou dois jogadores com 11, 12 ou 13 anos, e embora muitos achem um tanto chato ver tanta criança começando a jogar (sim, pra mim até 13 anos ainda é criança, sorry), podemos ver algumas particularidades bem interessantes nesse novo público.

É normal quando aquele irmão, filho ou primo ainda criança chega numa certa idade que começa a ter curiosidade sobre os jogos que a gente joga, e querem experimentar tudo o que fazemos. Muitos de nós até incentivam as crianças a começarem a jogar cedo, mostrando jogos e atividades que nós mesmos adorávamos fazer ou jogar quando nós éramos crianças, e assim perpetuar essa paixão que temos pelos games. Mas quando nós destratamos as crianças que jogam WoW somente pelo fato de serem crianças e poderem “estragar” o jogo, será que também não instigamos uma má atitude?

Vou dar um exemplo: Se você tem um(a) filho(a)/irmão(ã)/primo(a) pequenos e começa a jogar no seu celular megazord do lado dele. A primeira reação que o pequeno vai ter é desviar toda a atenção dele para o seu jogo. Depois de observar por um bom tempo, ele vai começar a perguntar o que é, o que você precisa fazer, onde você está no joguinho e finalmente… “posso jogar?” Você, sendo o cara legal que é, vai colocar seu celular megazord na mão da criança (louco de desespero do negócio cair no chão, mas tudo bem) e vai ajudá-lo a começar um jogo novo e a aprender um pouco que seja daquele universo. Depois que ele pegar o jeito, aí eu quero ver você tentar tirar a fissura dele pelo jogo.

Todo mundo já passou por uma situação dessas e sabe que é exatamente assim que acontece. No WoW é a mesma coisa. A criança está lá, jogando e se divertindo, porque ela GOSTA de estar ali. Ela não tem preocupação nenhuma da vida, não trabalha, estuda pra passar de ano, não quer mais nada da vida a não ser se divertir no jogo. E aí vem o cara de 23 anos, que trabalha, estuda, mora sozinho, tá cheio de problemas e preocupações, e quer que a criança faça alguma coisa direito no jogo.

A verdade é que essas crianças estão mais interessadas em conhecer o jogo do que muitos de nós. Além de se divertirem, eles correm atrás de guias, procuram tudo sobre as classes que jogam, se arriscam no PvP e no PvE para relaxarem, não estão nem aí pra rating ou progressão, não fazem missão diária porque é chato, pegam transmogs pra deixar o personagem mais bonito, fazem o conteúdo antigo… e nós? Nós fazemos o que mesmo, hein? 😛

Outra coisa que é bastante interessante é ver que os papais e mamães gamers estão começando a adotar os jogos de maneira educativa. Não estou falando só de “vá tomar banho, fazer tarefas e aí você pode jogar”, mas também de dar recompensas in game pelas conquistas em Real Life das crianças. Tirou dez numa matéria? Ganha um mascote. Passou de bimestre com boas notas? Toma 1k de gold. Está se comportando e jogando de maneira saudável? Toma aqui um item. São pequenos incentivos que pais podem utilizar (e utilizam!) para que seus filhos entendam que jogar não pode ser um limitante na sua vida real, é preciso saber conciliar as duas coisas de uma maneira que ninguém saia perdendo.

E não pensem que estamos livres da responsabilidade perante esses jogadores não! A cada atitude ruim que ele enxerga em um jogador mais experiente, ele vai repetir. Crianças em geral tem a mania de criar “heróis” que o inspiram, seja o tio que é engraçado, ou o primo que é bom de futebol, ou a irmã que sabe tudo de determinado assunto… e quando um desses heróis comete um erro, a criança não enxerga esse erro e fica incitada a repeti-lo, pelo simples fato de que aquilo pode deixá-lo mais “legal” perante as outras pessoas. Um exemplo é falar palavrão perto de uma criança e ela começar a repetir, e embora muitos não liguem pra isso, eu acho muito ruim ver uma criança de 8 ou 9 anos falando milhares de palavrões pra todo mundo e achando que é legal esse tipo de atitude. Por isso as crianças que jogam WoW são taxadas de sem educação, de noobs, de irritantes… Se você usar da sua má educação enquanto joga, não ajudá-lo em nada que ele peça explicação e não fazê-lo entender que deve respeitar as liberdades individuais também dentro do jogo, ele vai repetir aquilo pra sempre.

Embora a educação seja papel primordial dos pais, como “sociedade gamer” também temos nosso papel na formação dos novos viciados gamers!

E vocês, o que acham dessa nova geração gamer? Somos ou não somos responsáveis pela formação dos pequenos jogadores também?

Muito obrigada e até mais! /kiss

E lembrem-se que agora vocês podem me mandar sugestões de tema para a coluna de quinta para o email [email protected]! Estou esperando colaborações 🙂

Imagem em destaque do Kirina’s Closet.