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Saudações heroínas e heróis de Azeroth!

Aqui quem vos fala é Lianne. Pra quem não me conhece eu escrevo os artigos de Lore aqui do WoWGirl.

Antes de mais nada eu sei que estou devendo o artigo 6 do Arthas, ele está em produção. Sigam o WoWGirl no facebook para ter em primeira mão quando ele sair! <3

Bom, sobre esse post aqui… Eu escrevi há algum tempo uma série de contos PoV de alguns personagens das minhas fanfictions e inevitalmente eu interpreto um ou outro personagem canon (canon = existente e oficial) aqui ou ali, como é o caso da Jaina (e da Sylvanas, da Alleria, Aegwynn, até de alguns masculinos como Varian, Arthas e por aí vai…). Por ventura, uma das pessoas que “beta” minhas fanfictions disse que essa ficou legal e sugeriu que eu publicasse aqui.

Eu já jogo RPG dentro do WoW, fora do WoW, em fórum e afins – uma época eu era muito ativa nesse meio, hoje eu jogo casualmente RP WoW, no Goldrinn.

Então eu peço licença pra Vanessa, porque eu vou brincar de Roleplay um pouquinho!

Lembro a todos que o texto a seguir é baseado em fatos conhecidos dentro da Lore, porém eu tomei a liberdade de adicionar algumas coisas do universo do RPG (que não é considerado canon – como a existência da meia-irmã da Jaina), e ignorei outras (como o Tandred, que já foi confirmado como inexistente na história oficial do WoW. Tandred seria o irmão do meio de Jaina).

Bom, como é um post “for fun” meu, usei termos em inglês para algumas coisas, foi um texto que escrevi por hobby num momento de paz entre os horários apertados da cidade grande. Espero que gostem! … mesmo quem não gosta da Jaina, espero que goste! 🙂

Homeland – Jaina’s theme – Patch 5.1

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Proudmoore
Pandaria Storyline (Ano 29)

A chuva faz tudo mais difícil. Mas ela me conforta. As vezes eu olho pela janela, ainda como se fosse naquela cidade que já não existe, com pessoas que já não estão mais entre os vivos.

Eu lembro ver aquele mar tão tranquilo se agitando, trovões cantando suas melodias caóticas e as velas dos navios sendo recolhidas. Em pouco tempo todos estavam a salvo em suas casas. O inn estaria com suas luzes ligadas e em festa.

Pained estaria discutindo com Tervosh no andar debaixo e Aegwynn estaria me trazendo uma xícara de chá. Eu olharia lá para fora, associaria o cinza do céu com como eu me sinta em relação ao homem que eu amava… aquele que traiu a humanidade. Aegwynn pousaria a sua xícara na mesa e iria até mim. Comentaria como nunca soube o que era amar de verdade e de como queria ter estado lá para seu filho. Que estaria lá para mim.

Eu olharia para fora, veria meu pai descendo as docas, elegante como sempre foi, com seu rosto duro marcado pela guerra. Eu olharia para o mar cujas ondas brigavam entre si num verdadeiro duelo de forças, um reboliço que eu consigo sentir dentro da minha cabeça neste exato momento.

Sinto falta do mar, sinto falta de muitas coisas. Mas o mar é minha casa. Dizem que todo Proudmoore tem um pouco de água salgada no sangue… pois é verdade.

Lembro de quando criança, eu corria até as docas, para ver os marinheiros zarparem para a guerra. Todos os oficiais em seus uniformes verdes, carregando a âncora de Kul Tiras. Meu pai e meu irmão entre eles. Meu irmão, Derek, era forte e destemido. Ele me pegou no colo e me olhou bem fundo nos olhos. Derek tinha os olhos mais bonitos que jamais verei, olhos sinceros. Ele passou a mão no meu cabelo, tirou de cima dos meus olhos e colocou uma mecha atrás da minha orelha. Ele sorriu pra mim, falou que ia voltar, que cavalgaríamos juntos até o farol que tinha vista pra Crestfall. Que me levaria à Dalaran.

Minha dama de companhia segurou minha mão enquanto a frota se distanciava da terra. Eu conseguia ainda ver a silhueta de Derek sobre o convés. Ele era o herdeiro de Kul Tiras, era um líder.

Eu não, mas eu não me importava, ele era o primeiro na linha de sucessão e xodó do papai. Eu tinha liberdade pra ser o que eu quisesse, tinha liberdade para andar pela ilha, de escalar as montanhas, de cavalgar os campos, de estudar a biblioteca inteira.

E enquanto eles se foram, eu estudei, toda noite eu olhava pela janela. A lua no horizonte iluminava o mar e nada de meu pai ou meu irmão.

A guerra acabou. E o Almirante Daelin Proudmoore foi grande responsável pela vitória da Aliança contra a raça alienígena Orc que aterrorizava o continente.

Eu tinha nove anos. Fui a primeira a chegar às docas. Minha dama de companhia havia me costurado um vestido verde e dourado que carregava o emblema de nossa casa sobre o peito direito.

Não vi o barco de Derek.

Muitos barcos não estavam ali. Sereia, Estrela do Norte, Tidebreaker, e tantos outros da frota de Derek haviam desaparecido.

Meu pai desceu de sua embarcação. Seus passos eram pesados, o chapéu cobria seu rosto. Apesar de vitorioso, meu pai perdeu aquela guerra. Ele caiu de joelhos na minha frente e me abraçou. Eu era tudo que havia sobrado no mundo para ele. E por isso eu chorei. Derek se foi, ele não voltaria mais pra mim, pra casa. Papai era um homem duro, mas voltando da guerra ele tinha algo dentro dele que não estava ali antes. Ódio.

Eu só vi ele chorar nos aniversários de mamãe. Ele me levaria à igreja da Luz, nós faríamos nossas preces perante o túmulo dela. Ele me lembraria de como eu era parecida com ela e de como ele era feliz por isso. Ele machucou minha mãe, antes de eu nascer ele machucou a minha mãe.

Ele não queria que eu fosse para Dalaran por inúmeras razões. Uma delas era essa. A amante dele estava em Dalaran. Ex-amante. Quando eu nasci e mamãe entrou em depressão, ele se arrependeu amargamente.

Meu pai não era um homem ruim. Ele não queria o mal de ninguém. Ele errou, ele não queria que os outros pagassem por ele. Hoje eu o entendo melhor do que gostaria.

Enfim, ele me enviou à Dalaran. Eu passei nas entrevistas e já tinha um conhecimento teórico básico… Fui-me então com dois soldados de Kul Tiras que me escoltariam até Menethil Harbor, e minha dama de companhia faríamos uma parada em Lordaeron por questões diplomáticas.

Claro que era mais rápido ir para Dalaran direto, mas o Rei Terenas tinha um acordo com meu pai. E tudo acabaria indo como planejado.

Na bagagem levei o conto de Aegwynn e a caça aos dragões. Queria ser como ela um dia… Poderosa e independente, que cuidava de Azeroth e de todas as criaturas que ali viviam, que combatia os demônios e triunfava. A canção de Aegwynn me inspirava. Ela era tudo o que eu gostaria de ser um dia.

Chegamos em Lordaeron era de manhã. Me acompanharam aos meus aposentos e me apresentaram à filha mais velha do rei Terenas, Calia. Calia era bem mais delicada, falava pouco sobre politica e não tinha interesse nenhum em magia. Tínhamos pouco gosto em comum, mas conseguimos nos acertar. Ela queria me mostrar o castelo antes de irmos à capela.

Passamos pelos quartos reais. Calia tinha um irmão mais novo, herdeiro do trono de Lordaeron. Arthas. Arthas estava supostamente em suas aulas, que Calia não compartilhava. Ela gostaria de me apresentar a ele. Dizia que ele era informal demais para um príncipe, mas que daria um bom rei um dia. Eu sorri. Arthas era um ano mais velho que eu e logo percebi o que meu pai e o rei Terenas haviam entrado em um acordo.

Mas não dependia de mim, eu era herdeira de Kul Tiras, e estava indo estudar em Dalaran… e eu mal tinha feito 10 anos. Eu realmente não ligava.

Parece vidas atrás… Arthas e eu… Dói de lembrar. Não me perdoo pelo que aconteceu. Hoje eu sei que nada do que eu fizesse ou falasse seria o suficiente para alterar o rumo da história. Hoje eu sei que eu não era a criatura mais importante pra ele como ele era pra mim.

Ah, Arthas… o que teria sido de nós, de Lordaeron? Teríamos filhos? Quantos? Eles seriam fortes como você? Eles teriam o seu sorriso, seus olhos…?

Olho para a escrivaninha. Não é Arthas lendo um livro. Mesmo se fosse, ele não estaria lendo um livro, ele estaria me segurando, me tirando desses pensamentos ruins, dessa saudade…

Kalecgos é um doce. Ele é cortês, educado, gentil… Ele se esforça para se encaixar no meu mundo. Eu aprecio seus esforços.

Kirin Tor não vê nosso recém relacionamento como algo bom. Eles o mantém aqui por minha causa… eu sei… Os Azuis nunca foram legais conosco e vice-versa… Kalec e eu estamos rompendo uma barreira… uma não, duas… Ele não é humano. Ele é um dragão.

É estranho. Um dia eu estou noiva do príncipe de Lordaeron, no outro estou de mãos dadas com um ex-aspecto, caminhando pelas ruas de Dalaran, com vista para Icecrown. E a pior parte é associar esses dois momentos, quando eu passei quase toda a minha vida sozinha…

Mesmo agora, tanto tempo depois, com tanta coisa que aconteceu… eu ainda olho pela janela, vejo meu reflexo no vidro, ao lado de Icecrown… Meus cabelos prateados como os dele… A única mexa que restou é o que ainda me lembra de quem eu era, de quem eu sou.

E a chuva continua caindo lá fora.