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Este é o 4º artigo de 9 posts da série Vida e Morte de Arthas Menethil.

” O anão não mediu as palavras.
-Você mentiu pros teus homens e traiu os mercenários que lutaram por ti! – Muradin disse bruscamente, levantando seu rosto para Arthas o melhor que podia com sua altura. – Esse não é o rapaz que eu treinei. Esse não é o homem que foi introduzido na Ordem do Punho de Prata. Esse não é o menino do Rei Terenas.
– Eu não sou menino de ninguém. – Arthas retrucou, empurrando Muradin para fora de seu caminho. – Eu fiz o que achei necessário.
Ele meio que esperou que Muradin o batesse, mas ao invéz disso, a raiva do velho treinador parecia passar.
– O que está acontecendo com você, Arthas? – Muradin disse, sua voz segurando um tom de dor e confusão. – Vingança é tão importante assim pra você?”

– Arthas: Rise of the Lich King. Capítulo 15.

Bem vindos à 4ª parte da Saga de Arthas, desde criança até sua queda!

Agradeço o apoio e os comentários e responderei assim que possível. Começou meu TCC e a meta é ser o melhor grupo, então estou bem concentrada nessa parte acadêmica. Meus artigos sairão de 15 em 15 dias, toda sexta, no máximo pelo final de semana. Então fica esse aviso pra quem me acompanha aqui no site. 🙂

Chegando agora? Então fique a vontade, aconselho ler as outras partes antes: 

Todos os trechos dos livros são de tradução livre, pois não há uma versão em português (por enquanto, espero) do livro Arthas: Rise of the Lich King, escrito originalmente por Christie Golden e publicado em 2009.

Relembrando o final da parte 3

Arthas chega em Nortúndria [Northrend] afim de caçar o demônio que havia transformado sua vida e seu reino num inferno. Lá ele encontra com uma expedição da Liga dos Exploradores comandada por ninguém menos que Muradin Barbabronze. Muradin fora embaixador de Altaforja na Cidade Capital e treinou Arthas em combate corpo a corpo quando mais jovem. Os anões estão atrás de um artefato que atende pelo nome de Gélido Lamento [Frostmourne], uma espada rúnica de grande poder.

Arthas continua sua caça à Mal’ganis, porém um enviado de Lordaeron chega com ordens de seu pai, Rei Terenas, para a retirada imediata das tropas do continente gelado, e para ele voltar pra casa junto de seus homens. Encolerado, Arthas coloca fogo nos navios e culpa os mercenários que havia contratado pela traição.

Muradin já não o reconhece mais… E Arthas começa a achar que suas esperanças e sua vitória dependem… de Gélido Lamento [Frostmourne]…

Quest em World of Warcraft permite que jogador reviva a cena onde Arthas clama Gélido Lamento para si

Frostmourne Hungers

A discussão de Arthas e de seu antigo mentor foi interrompida por um som de morteiros, seguidos de gritos alarmados. Ambos pegaram suas armas e imediatamente seguiram para o acampamento.

Eles estavam cercados por mortos vivos. Estava claro que os inimigos eram mais numerosos e também que conforme seus soldados caíssem, o inimigo aumentaria em números. Mal’ganis estava lá. “Gélido Lamento” era a única coisa na qual o príncipe conseguia pensar. Muradin admite que tem suas dúvidas quanto a espada. Ele havia encontrado sua localização e já não tinha mais certeza se deveria ir atrás do artefato. Arthas insiste, junta alguns homens e parte com Muradin.

Eles chegaram à uma caverna, e Muradin falou para Arthas ter cautela ao entrar. Um artefato poderoso como este não estaria ali esperando para ser encontrado. E de fato, o príncipe de Lordaeron ouviu vozes sussurrando em seu ouvido…

“Voltem, mortais. Morte e escuridão são tudo o que os espera neste jazigo abandonado.”

As vozes pertenciam à elementais. Arthas se lembrou do elemental de Jaina quando ela estava lutando contra os ogros, mas estes usavam capacetes, luvas e armas, embora não tivessem faces ou braços para segurá-las. Pouca atenção ele deu aos guardiões da gruta, apenas Gélido Lamento [Frostmourne] lhe interessava.

A espada estava cravada numa espécie de altar, suas runas brilhavam um azul frio enquanto uma luz, vinda de uma abertura alta no teto descia sobre o artefato.

Um elemental se move perante Arthas, pedindo para que ele vá embora antes que seja tarde. Arthas estava nervoso e constrangido, ele pergunta ao elemental se ele ainda está tentando proteger a espada. O elemental disse que não, que estava protegendo-o dela.

 Arthas surpreendeu-se, mas sua cabeça começou a desenrolar uma linha errônea de pensamento. Tudo talvez fosse um truque, para separá-lo de Gélido Lamento [Frostmourne], de salvar seu povo. Ele não pararia ali. Ele atacou, seus homens foram em seu encalço.

Toda a frustração, a angústia, o medo, a preocupação, as esperanças em vão… Arthas juntou tudo isso e atacou o elemental que guardava Gélido Lamento [Frostmourne]. 

O caminho estava livre, mas não completamente. Muradin lia as inscrições na pedra, a lâmina era amaldiçoada. Mas Arthas já havia sofrido muito para chegar até ali. Ele não iria embora, nem por Muradin, nem pelos seres sobrenaturais, nem por Lordaeron. Ele já não ligava para a integridade de sua alma, ou para profecias na pedra, ele precisava de Gélido Lamento e ele a teria.
[youtube http://www.youtube.com/watch?v=I3Hso0mUNYI]

  Cutscene de Frostmourne, Warcraft III.

Muitas coisas passavam pela cabeça do jovem príncipe, e ele começou a ouvir vozes. Não as mesmas vozes frias dos elementais, mas algo que vinha de dentro dele. “Os mortos demandam vingança”… ela sussurrou. Muradin observava Arthas, seu coração se despedaçou. Aquele homem… ele fora mentor daquele homem, ele o ensinou a lutar para ser um bom guerreiro, para ser um bom rei, ele o ensinou que lutas ele deveria lutar e que armas ele deveria usar…

Mas Arthas não era mais aquele homem… ele era uma sombra, mas Muradin insistia que não valia a pena, que eles deveriam lutar com outras armas, não aquela.

Arthas acreditava na Luz, ele havia visto seu poder, havia sentido-o e usado-o. Ele acreditava em fantasmas e em mortos-vivos, pois já havia visto-os também. Mas até este momento ele havia zombado da ideia de poderes maiores e invisíveis, de espíritos de lugares ou coisas do tipo.

Até agora…

Ele convocou os espíritos daquele lugar, bons ou ruins ou ambos ou nenhum, ele se declarou pronto. Ele daria qualquer coisa, ou pagaria qualquer preço… se eles ajudassem-no a salvar seu povo.

Por um momento silêncio. Como em sua cerimônia de aceitação na Ordem do Punho de Prata, nada aconteceu. Teria ele falhado? Teria ele oferecido tudo o que ele tinha e ainda havia sido recusado?

Mas o gelo que envolvia a espada rúnica começou a se quebrar. Ele se afastou, sem tirar os olhos da cena que estava a sua frente. O gelo estourou. Ele ouviu um grito.

Muradin.

Arthas gritou pelo amigo, e ele se virou. O príncipe correu até o anão, e o segurou. Culpa o rasgava por dentro. Ele chamou pela Luz, para que ele pudesse curar Muradin, que esse não fosse o preço a pagar, ele não poderia pagar com a vida de Muradin… Ele abaixou a cabeça, sentindo as lágrimas subindo aos seus olhos… E ele sentiu a Luz chegar até ele e um alívio. A Luz não havia abandonado-o. Ele poderia curar Muradin e juntos eles voltariam pra casa.

Mas algo o distraiu. Algo o chamou, algo no fundo de sua mente. Ele se virou e viu Gélido Lamento [Frostmourne]. A Luz não brilhava mais em sua mão. Era aquele caminho que ele devia seguir. Muradin fora uma casualidade desta terrível guerra. Ele havia morrido para que Arthas pudesse viver, para que Arthas pudesse empunhar a espada rúnica e destruir Mal’ganis.

E então ele a empunhou, e ela se tornou parte dele, tanto quanto sua mente, sua alma, revelando segredos aos seus ouvidos…

“Para o Rei Magni Barbabronze, Lorde de Altaforja,

É minha triste obrigação de trazer à você uma notícia muito cruel. Estou certo de que sabes da missão de Muradin aqui em Nortúndria de atacar o Flagelo e descobrir artefatos úteis. Batalhamos juntos contra o Flagelo, e mesmo que eu tenha sobrevivido, Muradin pereceu perante os mortos vivos e demônios. Eu sofro pela perda  de meu bravo amigo e de seu irmão valente. Mas saiba que sua morte heróica não foi em vão, pois sua vida assegurou minha vitória contra os lacaios do Lich Rei – e a recuperação da espada antiga conhecida como Gélido Lamento. Eu retornarei à Lordaeron em breve. Com Gélido Lamento em mãos, eu venho reestabelecer a ordem e começar uma nova e brilhante era. Os restos das forças de Muradin levarão seu corpo de volta à Altaforja. Você não imagina o quanto lamento pela perda. Eu sei que esta carta oferece pouco consolo, mas eu senti que você deveria saber da morte de Muradin o mais rápido o possível. Você perdeu um irmão, e eu perdi um amigo valioso.

Que a Luz preserve nossas vidas,

— Príncipe Arthas Menethil”
Carta à Magni Barbabronze[Bronzebeard], enviada mais tarde por Arthas

O jogador hoje pode visitar a caverna de Frostmourne em Dragonblight e encontrar Light's Vengeance.

Com Gélido Lamento em mãos, Arthas entrou no combate contra Mal’ganis. Ele sentia como se a espada fosse mais que uma arma, e sim uma extensão de seu corpo. A espada tinha um equilibrio perfeito, golpes fulminantes e deixou todos os soldados de Arthas surpresos… e aterrorizados. Até Falric, que o havia conhecido desde pequeno, que o havia seguido até ali, mostrava uma expressão de choque e terror em seu rosto.

Mas o jovem príncipe deu pouca atenção a seus homens; ele se voltou à Mal’ganis. O Demônio reconhecia a espada e sabia o preço que Arthas havia pagado por ela. Ele também sabia de quem era a voz que agora sussurrava nos ouvidos de Arthas.

Ao saber que a voz de Gélido Lamento também era a voz do Lorde de Mal’ganis, o sangue de Arthas se drenou de seu rosto. Seria tudo um truque para deixá-lo distraído e acertá-lo com um gole final?

Mal’ganis sorriu e perguntou o que o Dark Lord estava falando para o humano. Arthas se colocou em posição de ataque.

“Ele me diz que a hora da minha vingança chegou.”

 Eles batalharam. Toda vez que Mal’ganis tentava conjurar uma magia, Gélido Lamento [Frostmourne] estava lá para impedí-lo. Arthas ouviu a espada sussurrar que ansiava por algo, que tinha fome… uma parte dentro de Arthas se perguntou com medo… fome de que?

Mas a batalha voraz acabou com vitória do jovem príncipe. O sangue negro de Mal’ganis formou um arco sobre a neve. Arthas limpou a lâmina e lembrou de Muradin lendo as inscrições em Kalimag na gruta.

A espada era parte dele agora, e ela sussurrava que havia mais, havia muito mais… E o inverno lhe ensinaria…

O Peso da Coroa

[youtube http://www.youtube.com/watch?v=4fNRB4kmpP8]

A traição de Arthas – Warcraft III, legendado por Kurgan/Pastormaxx em 2008

Os sinos tocavam anunciando o retorno do príncipe. Arthas se lembraria destes sinos pelo resto de sua… vida não tão viva. Esses sinos apenas eram tocados em situações especiais: um casamento real, o nascimento de um herdeiro, um funeral de um rei. Hoje era um dia de celebração, pois o príncipe herdeiro havia retornado com vida do continente gelado de Nortúndria.

Arthas havia enviado cartas à seu pai, falando de sua vitória, de sua vontade de começar uma nova era para o reino, e que gostaria de falar com o pai em particular assim que chegasse.

A ponte levadiça baixou e Arthas entrou no castelo. Pétalas vermelhas, brancas e rosas desciam sobre ele, e de repente ele lembrou que antes havia imaginado cena parecida para o dia de seu casamento. Jaina estaria em pé a sua frente, aquele sorriso que ele gostava tanto, iluminado e esperando para ser beijado. Movido pela imagem, ele segurou uma das pétalas. Ele a acariciou por um segundo, e se frustrou quando ela se manchou, e secou. Ele a jogou fora e continuou seu caminho.

Ao entrar na sala, Arthas percebe que seu pai ficou bem mais fraco e doente nesses meses que ele esteve fora. O Rei Terenas II levanta de seu trono e abre seus braços para o filho que chegava. Arthas retira seu capuz, seus cabelos dourados já apresentam uma coloração pálida e esbranquiçada.

Arthas se levantou e subiu as escadas. Ele segurou o pai pelo braço. Um sussurro em sua mente, a voz não pertencia à Gélido Lamento, mas sim a um príncipe de cabelos escuros, vinda de uma memória distante de uma outra vida…

“Ele foi assassinado. Uma amiga confiável… Ela o matou. Ela o apunhalou bem no coração.”

Seu novo mestre já havia tirado o peso da coroa de sua cabeça, o peso da responsabilidade do reino de seus ombros, e Gélido Lamento estava com fome…

A lâmina perfurou o corpo do velho rei, que serviu de apoio para o pé de Arthas retirar a espada do cadáver. A coroa caiu de sua cabeça e rolou ensanguentada pelo chão. Os guardas da sala real então atacaram o príncipe pela traição, mas Arthas os matou também.

Nenhum cavalo o carregaria mais; eles ficavam aterrorizados com o cheiro dele e de seus seguidores. E então ele caminhou de volta de onde ele veio, seus capitães, Falric e Marwyn, tão pálidos quanto seu antigo príncipe, o seguiram até onde Arthas não ia fazia tempo.

Vozes vinham e iam em sua cabeça, lembranças de uma vida, um passado remoto…

“Você sabe que não pode cavalga-lo ainda.”

 “Você faltou à aula. De novo…”

“Ouça-me, garoto… A sombra já caiu, nada do que você fizer vai detê-la…  Quanto mais você tenta matar seus inimigos, mais rápido você entrega seu povo nas mãos deles…”

“… Isso não é um campo de maçãs podres; é uma cidade cheia de seres humanos!…”

“… Nós sabemos tão pouco – não podemos simplesmente matá-los como animais só pelo nosso próprio medo”

“… Você mentiu pros teus homens e traiu os mercenários que lutaram por ti! … Esse não é o menino do Rei Terenas.”

Eles não podiam ver, eles não podiam imaginar… Jaina, Uther, Terenas, Muradin, todos eles, de algum jeito, haviam considerado que ele estava errado.

Arthas chegou à fazenda. Os corpos de quem vivia ali estavam atirados no chão, as ervas daninhas e as flores cresciam sem cuidado ou atenção. Arthas se abaixou para pegar uma das flores, e se lembrando da pétala, hesitou.

Arthas empunhou Gélido Lamento e seguiu para seu verdadeiro motivo de estar ali. Ele parou diante do túmulo.

“Levante-se.” … Invincible.

Finalizando

E então voltamos para o cavalo! Claro que todo mundo lembra desse bendito cavalo, agora que Arthas tem magias necromânticas e tal… porquê não trazê-lo de volta, né?

Agora Arthas já é um Cavaleiro da Morte a serviço de Ner’zhul – vocês o conhecem como Lich Rei, ou Lich King. E está na hora do Flagelo [Scourge] entrar em ação! Prepare-se Quel’thalas! Você é o próximo reino!

Hm… Novamente, o que é legal do livro em relação ao jogo – Warcraft III, que acredito que muitos aqui já jogaram – é que o Arthas tem uma coisa dentro dele, algo que o faz se sentir mal, ou bem, ou aquela confusão e incerteza. O livro torna Arthas um personagem mais humano, e não menos ‘babaca’, claro… Não me levem a mal, eu amo o Arthas, ele é meu ‘babaca’ favorito.

Antes que estranhem no texto… Eu estou acostumada ao uso dos termos em inglês, especialmente porque sou veterana da franquia Warcraft. Eu gostei do trabalho da equipe de localização da Blizzard, eles são fantásticos. Só está me tomando um tempo maior pra me acostumar com os termos no nosso idioma nativo.

Um texto desse leva de 4 a 6 horas para ser feito – as vezes mais, depende muito do conteúdo, disposição, nível de detalhes e fontes – pra ser escrito, editado, ilustrado com as imagens/vídeos, e sempre tem aquele revisor gente boa que verifica pra mim algum errinho de digitação. <3

Como dito antes, parte 5 sai daqui a 15 dias, preferencialmente numa sexta, junto com a minha querida Songette da progressão PvE.

Dúvidas, elogios, comentários, piadas da prassa, perguntas sobre quando sai o artigo da Sylvanas, dirijam-se à caixa de comentários abaixo. Eu leio tudo. Tudo mesmo. :B

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Até lá!

PS: Sylvaninhas aparece na parte 5 do Arthas. 😀

Fontes utilizadas para a elaboração deste artigo:

Warcraft III – por Blizzard Entertainment
World of Warcraft – por Blizzard Entertainment

Arthas: Rise of the Lich King – por Christie Golden (2009)