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Este é o 8º artigo de 10 posts da série O Diário da Kinndy.

Boa leitura!


– Ohhhh ohhhh ohhhh!!! Devagar passarinho!

Eu estava petrificada! Como que alguém poderia gostar disso?! Voar em cima de uma águia que era metade leão?

– Vai devagaaaaaaar!

Ela mergulhou e passou por entre as árvores, num mergulho que achei que fosse cair dela.

– Eu te dou ouro extra, que tal?! Voa mais baixo, bichinho!

Outro mergulho e atravessamos um lago que pensei ter caído nele, tamanha a proximidade da superfície.

– Chega, chega! Me deixa por aqui que eu vou andando!

Ao terminar minha frase vi que ela foi diminuindo o ritmo e começou a sobrevoar num lugar bonito, verde e calmo.

Passamos umas ruínas e o horizonte deste novo lugar era lindo! O pôr do sol alaranjado, deixando o céu com tons suaves…

– Nunca achei que veria um lugar tão lindo quanto Dalaran.

Avistei uma espécie de templo e a águia entrou nela, pousando numa espécie de ninho. Ao lado dela vi uma mulher quase da minha altura, pela descrição que minha mãe deveria ser uma…

– Uma anã!

Ela olhou para mim, como se estivesse me analisando:

– E você acha que é bem grande, não é?!

Senti meu rosto esquentar devido a vergonha de ter expressado meu pensamento em voz alta:

– Desculpa, eu não quis ofender você, é que eu venho de longe e não tenho contato com muitos anões então…

Ela passou a mão nas longas tranças ruivas e sorriu:

– Tudo bem menina, nota-se que você não é daqui.

Olhei pra minha roupa tentando descobrir se eu realmente parecia uma forasteira.

– Eu estou procurando uma anã chamada… é… Tiro de Perto?

Ela gargalhou, fazendo com que todos que estivam próximo de nós me encarassem. Que vergonha…

– É TiroCerto, pequena! Irene TiroCerto!

Disse a frase apontando para outra anã do outro lado do saguão, só que esta não era ruiva e os cabelos estavam presos numa espécie de trança embutida e carregava uma arma consigo.

– Ela vai me matar se eu chegar perto dela?

A ruiva olhou pra mim sorrindo e disse baixinho:

– Se você a chamar de Irene Tiro de Perto, sim.

Suspirei e caminhei até a direção dela, mas vi que ela estava ocupada conversando com um viajante.

Enquanto esperava vi que do outro lado da parede havia um globo terrestre e nele continham vários continentes, nenhum que eu conhecesse.

Ao estender meu braço pra tentar tocar o globo tropecei, escorregando na caixa abaixo dele e fazendo com que o globo começasse a cair em minha direção.

– Cuidado! Por que todos os gnomos são tão desastrados?

Olhei para trás e vi a…

– Anã com uma arma na mão… Por favor não me mate Senhora Tiro de Perto!

Fechei os olhos e esperei a morte, mas nada aconteceu. Abri os olhos lentamente e vi um rosto sério me encarando.

– Você deveria morrer mesmo por ser tão insolente, mas como é filha da minha querida amiga Kinnya, vou poupar sua vida.

Arregalei os olhos surpresa por ela já saber quem eu era:

– Mas como você sabe que eu sou…

– Filha dela? Você é exatamente igual a sua mãe quando ela tinha sua idade. E eu menti, nem todos os gnomos são tão desastrados. Isso você herdou do seu pai.

Sorri e lembrei de papai, eu realmente havia puxado isso dele.

– Se você sabe quem eu sou, você sabe pra eu vim, certo?

Ela pediu para um humano tomar conta das armas que ela vendia e me puxou pelo braço.

– Está preparada para diversão pequena?!

Oh sim, e como estava! Tinha certeza que viveria o dia mais incrível da minha vida!

– Venha comigo.

Saímos do templo e vi que ela chamou com um assobio alto dois tigres, imediatamente saí correndo para trás de um arbusto.

– Aonde pensa que está indo menina? Volte aqui!

Estava me tremendo toda! Ela devia estar louca achando que voltaria pra perto dela com DOIS tigres lá!

– Eu não! Tem duas feras aí! Vão fazer assado de Kinndy!

Irene soltou um ar impaciente e fez um gesto para que eu voltasse pra perto dela. Droga, todos os adultos parecem minha mãe me dando ordens!

– Isso se chama montaria, são animais ou seres domesticados que te levarão para onde você quiser.

Disso eu já sabia, lá em Dalaran eu via ao montes, mas nunca tão perto de mim.

– Promete que ele não vai me morder?

Subiu no tigre branco e saiu sem me responder.

– Ei, espera aí!

Fomos até um campo aberto muito extenso. Ela desmontou e eu fiz o mesmo, tentando me manter o mais perto possível dela.

– Então você quer ser uma caçadora…

Perguntou olhando para o horizonte.

– Talvez. Acho muito legal a ideia de ter um bichinho comigo, me defendendo do perigo.

Ela olhou pra mim e balançou a cabeça concordando.

– Você sabe como se adestra uma fera?

Fiquei uns instantes tentando imaginar como seria adestrar um bichinho e não consegui.

– Venha, vou te mostrar.

Caminhamos para dentro da mata, ela escolhei um urso que era quase o dobro do tamanho dela e começou a pronunciar algumas palavras bem baixinho, como se fosse um encanto.

O urso veio em nossa direção furioso, agora sim, seria a hora da minha morte.

– Adeus mãe, adeus pai…

Fechei os olhos e percebi que o ataque não veio, o urso atacava Irene e parecia não me ver.

Enquanto ela ainda balbuciava o feitiço o urso a machucava com suas patas enormes, depois de matá-la com certeza ele virá em minha direção!

– Prontinho…

De repente o urso acalmou-se e posicionou-se ao lado dela.

– Agora ele é meu.

Arregalei os olhos e encarei o urso que estava realmente mais tranquilo.

– Como? O que…? E se…?

Ela sorriu e pegou a arma que estava nas costas dela, mirando num bode um pouco distante dali.

– Veja, assim que eu der o primeiro tiro, o urso atacará.

E foi assim que aconteceu, ela atirou e o urso atacou. Que máximo!

– Eu quero ser uma caçadora!

Ela olhou pra mim e ficou séria de repente:

– Venha, vamos voltar pro templo.

Voltamos e entramos numa espécie de sala, cheia de animais empalhados.

– Está vendo esses bichos aqui?

Acenei a cabeça positivamente.

– Todos eles perdi nas minhas batalhas. Eles não eram somente meus protetores, eles eram como se fossem família pra mim. Este urso aqui se chamava Apolo, pois ele era o sol da minha vida, minha alegria…

Os olhos dela encheram-se d’água.

– Ele foi morto covardemente numa luta contra Horda anos atrás.

Desta vez meus olhos ficaram marejados.

– Sendo uma caçadora você terá que conviver com a perda e com o sofrimento de ver seu companheiro ferido…

Abaixei a cabeça e ponderei. Talvez ser uma caçadora não seja tão legal quanto eu pensava…

– Eu… eu vou pensar mais um pouco sobre isso. Está ficando tarde e mamãe disse pra eu voltar pra Dalaran antes do anoitecer.

Ela assentiu com a cabeça e pediu para um dos humanos que estavam no templo para abrir um portal para Dalaran.

– Obrigada por tudo Irene. Qualquer dia volto pra te visitar.

Ela me abraçou e entrei no portal.